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ADRL World Finals VI - Texas Motorplex (EUA) - 22 e 23 de outubro de 2010

Texto: Douglas Carbonera / Filipe Sturion

A American Drag Racing League é hoje a maior associação de pilotos de Arrancada em todo mundo. O número de pilotos filiados à ADRL chega a ser maior que o da famosa NHRA. O segredo do sucesso está na diversidade, regulamentos e custos.

Na ADRL, o público pode acompanhar os pegas entre carros diferentes com preparações diferentes. Um regulamento aberto e ao mesmo tempo limitado, permite que um veículo aspirado com nitro dispute em igualdade de condições com outro equipado com poderosas turbinas ou compressores volumétricos. Ou seja, o piloto acelera com o que tem disponível, e não é tão preso aos regulamentos. O público também ganha, já que existe grande diversidade de carrocerias e preparação, coisa que está em falta na NHRA e até mesmo nas provas aqui no Brasil.

Como em todos os esportes a motor, os orçamentos milionários existem, como é o caso da equipe AL-ANABI, do Qatar. Finaciada pelo pretóleo, a equipe compete em diversas categorias e possui uma estrutura invejável! Só nesta etapa da ADRL, contavam com nada menos que 8 caminhões gigantescos! Porém, o regulamento coerente e bem pensado, com pesos acertados para cada tipo de preparação, garantem a competitividade nas diversas categorias.

Curiosamente, todas as provas da ADRL são promovidas em distância de 1/8 de milha. Isso também visa reduzir os custos, já que manter um motor de 4000cv em aceleração plena por 4 segundos é bem mais barato do que mante-lo acelerado por 6 segundos. Mas nem por isso a emoção é menor, afinal de contas, os 201 metros são cumpridos em menos de 4 segundos, a mais de 320km/h!

Com uma competição extrema e custos relativamente reduzidos se comparados as provas da irmã mais velha NHRA, a ADRL é um grande sucesso, sempre com pista e arquibancadas lotadas! A cada dia, a ADRL toma mais espaço da gigante NHRA, que acabou perdendo terreno devido a custos elevadíssimos e falta de competição. Hoje, algumas categorias da NHRA não chegam a preencher os 16 competidores do mata-mata! Nós brasileiros devemos tomar isso de exemplo, pois a elitização que ocorre, inclusive nas categorias de base do Brasil, está levando a Arrancada tupiniquim para o mesmo caminho! Os tempos estão caindo, mas o grid cada vez mais reduzido e ausência de competição, faz inclusive com que o publico nas arquibancadas se reduza! Será que a mentalidade dos brasileiros, de derrubar os tempos em detrimento ao grid e a competição, vai trazer um bom futuro para a Arrancada? Pensem nisso!

Nosso amigo e correspondente Douglas Carbonera, um dos maiores entusiastas da modalidade no Brasil, esteve na prova final da ADRL 2010, no Texas – EUA, e nos trouxe um grande relato de como é acompanhar uma das maiores provas de Arrancada do mundo:

Descemos do avião em Dallas – Texas, as 8 horas da manhã do dia 21/10/2010. Alugamos o carro fomos direto para o Autódromo! A ansiedade era tanta que não procuramos nem hotel para ficar! A quinta-feira era reservada apenas para montagem e organização do evento, e portanto, a entrada era proibida! Usando o argumento de que tínhamos feito mais de 10 mil milhas para estar lá, juntamente com um casal de Ingleses que correm de PRO STOCK na Inglaterra, que também foram exclusivamente para assistir a prova, conseguimos entrar e ficar a vontade em toda o evento, inclusive entrar na pista, sentir o grip e tudo mais! Ao pisar na pista, conseguimos começar a entender como estes carros conseguem tracionar tanto!

Ao entrar na área destinada às equipes, nos deparamos com uma fila de mais de 1 quilômetro de caminhões das equipes e fabricantes de componentes de alta-performance. Todos aguardavam pelas instruções dos organizadores para o alinhamento lado a lado.

A adrenalina subiu ao ver os caminhões das equipes da minha categoria preferida, a Extreme 10.5. equipes preferidas, com Garry White da Titan Motorsports, Dan Millen da Livernois/AL-ANABI , Spiro Pappas, Chuck Ulsh, Todd Moyer, Billy Glidden, entre outros! Os maiores nomes dos doorslamers (carros com portas) estavam lá, pois afinal de contas, era a Battle of the Belts, a briga pelo cobiçado cinturão da ADRL!

Do lado de fora da pista, pudemos ver a grande paixão dos americanos pelo Drag Race. Às 4 horas da tarde, começava a confraternização dos pilotos e todos os participantes do evento no FAT DADDY´S BEER, um pub/restaurante próximo. Chegando lá, nos deparamos com dois EXTREME PRO MODIFIED na porta do bar, um CUDA e uma Belair da LenMar Motorsports, outro Mustang Pro Modified no estacionamento, Big Foot da Summit Racing, e mais alguns carros de corrida chegando para expor!

Uma rádio de música Country estava cobrindo o evento ao vivo, e como tínhamos falado com um dos organizadores da ADRL no autódromo, explicando que viemos do Brasil só pra ver a prova, o mesmo nos reconheceu no PUB e fomos apresentados ao pessoal da rádio. Fomos entrevistados e ganhamos diversos souvenirs! O povo americano foi uma receptividade impressionante.

No dia seguinte, a prova começaria oficialmente, e era a hora de providenciar nossas entradas! Para nossa surpresa, na ADRL, a entrada é gratuita! E não estamos falando apenas das arquibancadas, o acesso aos boxes e a toda a área do evento é gratuito em todos os dias de competição. Com grid cheio, competição e casa lotada, os custos da prova e também o lucro dos organizadores é garantido pelos patrocinadores, que investem no esporte e têm um grande retorno por isso. Desta maneira, mesmo que uma pessoa nunca tenha ido a uma prova, acaba criando um vínculo com aquilo tudo, escolhendo um piloto e equipe que mais gosta, e acompanhando de perto todo a dedicação necessária em um único carro de corrida para andar por apenas 3 segundos tentando se manter em linha reta a mais de 330km/h. Impossível não se apaixonar e não engrossar o caldo dos amantes do Drag Race!

Dentro do complexo esportivo, existem diversas lojas de peças e suvenirs. Inúmeros fabricantes vendendo produtos, desde chassis completo de um PRO MOD até camisetas, bonés, adesivos, tampão de ouvido em formato de velas, abridores de garrafa de cerveja, uma área de alimentação gigante e diversificada. É proibida a entrada com alimentos e bebida, porém, dentro do complexo, somos muito bem servidos com alimentação de qualidade e preços acessíveis.

Na sexta, os treinos começavam as 9 da manhã, mas às 7:00, nós brasileiros doentes já estávamos lá nos portões! Já nos treinos, os primeiros que vieram andar foram os XTF. De cara, Spiro Pappas vs. Titan Motorspots! O carro do Spiro era muito silencioso, porque ele usa silenciadores de alumínio no escape. Já o carro da Titan, antes mesmo doo Pré-Stage, já tinha um ronco ensurdecedor no 2-Step. Os dois alinharam e largaram, dando só uma puxada de 60ft e 100 metros, pra ver se estava tudo ok. Mesmo assim ambos andaram na casa dos 4 segundos nos 201 metros!

O carro mais fraco quando evento virava ótimos 4.1s a 187 milhas por hora! Já Dan Millen, com o Mustang preto Fosco Blower da Extreme 10.5, surpreendeu a todos já na terceira prova do carro! Registrou o tempo de 3.85s a 203mph, novo recorde da ADRL na primeira bateria qualificatória!

No meio dos Qualify, o locutor anunciou alerta de tornado na região da prova! Ninguém deu bola e a prova seguia sem intervalo nenhum das 9 da manhã até a meia noite, pois a organização estava com medo do mal tempo.

Infelizmente, a final da Battle of the Belts, que ia acontecer no sábado, não pode ser realizada. Todo o evento do sábado foi cancelado. Das 10 corridas da ADRL em 2010, 9 delas foram atrapalhadas pela chuva. Não é só o Velopark que sofre com São Pedro!

Os campeões, que não puderam correr as finais, ganharam pelas melhores marcas nos Qualifying. Os ganhadores foram:
Burton Auxier (Pro Nitrous), Dan Millen (Extreme 10.5), Kim Morrell (Pro Extreme Motorcycle), John Montecalvo (Extreme Pro Stock) and Tyler Allen (Pro Junior Dragster).


Fotos: Douglas Carbonera
 
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